Coordenadores:
Bruno Dionísio (Univ. de Évora)
Leonor Lima Torres (Instituto de Educação – Univ. do Minho)
Mariana Gaio Alves (Instituto de Educação – Univ. de Lisboa)
Igualdade e diferença constituem dimensões dilemáticas na contemporaneidade, bem como preocupações centrais na sociologia da educação, uma vez que os contextos educativos (escolares e não-escolares) são cruciais na (re)construção de identidades e desigualdades. No património teórico-concetual e empírico da sociologia da educação, a problemática das desigualdades sociais ocupa, aliás, um lugar proeminente que coexiste com o carácter perturbador e incómodo que frequentemente se atribui ao debate sobre igualdade de oportunidades.
No plano metodológico, se a sociologia dos grandes indicadores permite a realização de estudos comparativos e a caracterização de regularidades sociais no campo educativo, é igualmente importante o desenvolvimento de análises focadas nas escolas e nos processos educativos que revelem singularidades e complexidades. Em qualquer dos casos, privilegiam-se análises que explorem as interligações entre processos educativos e processos sociais mais amplos, contribuindo para conhecer e analisar questões de igualdade e diferença, enquanto dimensões dilemáticas na atualidade, a que se associa a construção de identidades como tema que é hoje particularmente efervescente.
O compromisso histórico da sociologia da educação com as grandes bandeiras políticas da modernidade educativa é evidente. Das promessas que essas bandeiras ergueram, umas cumpriram-se, outras metamorfosearam-se ou mudaram de sentido, enfraquecendo os termos em que a crítica sociológica se tem vindo a sustentar. Isso acentua a necessidade de recomposição da crítica e de se repensar os ideais da justiça educativa, assim como a preferência pelas desigualdades obriga a refundar os laços de solidariedade no mundo educativo.
Não obstante as crises, incertezas e contingências contemporâneas, o mundo educativo apresenta hoje traços verdadeiramente estruturantes: da naturalização e universalização à longevidade das carreiras escolares, o monopólio da “forma escolar” reformou famílias, trabalho, infância e juventude, comunidades, particularismos culturais. Embora a educação pareça prisioneira da tantas vezes designada “forma escolar”, eclodem nos seus interstícios cenários educativos e dinâmicas de socialização concorrenciais que não só adentram o reduto escolar, como disputam esse monopólio da “forma escolar”, deformando-a a reformando-a, por dentro e por fora.
Por sua vez, o desafio da inclusão escolar (de uma estadia e carreira escolares obrigatoriamente universais, longas e duradouras) depara-se com velhas desigualdades que teimam em persistir, desvelando novas arritmias que, entretanto, se geram. Cientes de que escalpelizar estas temáticas obriga a perscrutar um quadro inacabado, assimétrico e defeituoso, altamente compósito e tensional, apelamos à partilha no XI Congresso Português de Sociologia de trabalhos desenvolvidos por sociólogos e demais cientistas sociais decorrentes da sua investigação e/ou ação profissional sobre vários temas educativos, de entre os quais destacamos:
1) Políticas educativas: entre regulação (trans)nacional e governação das escolas
2) Agrupamentos de escolas: gestão das diferenças e (re)construção de identidades
3) Dinâmicas de escolarização: igualdade, diferença e identidades
4) Escolas, famílias e comunidades: desigualdades e inclusão educativa
5) Educação, formação e trabalho: reconfiguração da “forma escolar”
6) Educação ao longo da vida: (des)igualdade de participação e pluralidade de contextos de aprendizagem
7) Professores e outros profissionais de educação: recomposições identitárias
Serão aceites posters e documentos visuais como curtas metragens ou pequenos filmes centrados em projetos ou intervenções. Estas propostas, não obstante as diferenças entre contexto académico e contexto não académico, devem ser formuladas considerando um enquadramento teórico, objetivos, metodologias utilizadas, diagnóstico, resultados e conclusões.
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