Coordenadores
Emília Araújo (UM)
Rosalina Costa (Uévora – CEPESE e CICSNova)
Uma das questões essenciais que importa debater sobre identidades e modos de vida no mundo contemporâneo relaciona-se com a experiência do risco e da incerteza na vida quotidiana. Alguns discursos, essencialmente de tipo mediático, têm enfatizado a prevalência do medo e da insegurança, destacando a debilidade das políticas e dos sistemas tecnocientíficos para prover mecanismos de produção de estabilidade e segurança. Outros discursos e tendências realçam o modo como os sujeitos se adaptam às crescentes dinâmicas de incerteza e instabilidade, potenciando a institucionalização da rutura e descontinuidade nas vidas individuais e coletivas.
A proposta para este Congresso da Associação Portuguesa de Sociologia é a de debatermos na área temática de identidades, valores e modos de vida os vários planos e escalas da incerteza e do risco na experiência dos sujeitos, tanto a nível individual como coletivo, destacando o interesse em analisar e desconstruir a tendência para a normalização da descontinuidade e da incerteza. Procura-se, por um lado, prover a análise dos efeitos sobre a transformação da experiência e, por outro, a observação das estratégias e dos mecanismos de superação engendrados pelas instituições e pelos indivíduos.
Deste modo, considera-se fundamental a contínua análise dos conceitos de identidade e a forma como se constrói na vida do dia a dia, suscitando novas interrogações aos sujeitos sociais. São múltiplos os debates teóricos que podem encetar-se em torno das questões da identidade e dos modos de vida na sociedade contemporânea. Parte destes estarão relacionados com o progresso da digitalização e mudança cultural; outros com diversas transformações nos modos de entender e de definir as políticas e as práticas quotidianas e a sua relação com fenómenos e/ou transformações de ordem macroestrutural. Outros ainda estarão relacionados com as perceções e as representações sobre o passado e, principalmente, acerca do futuro (des)conhecido, particularmente ao nível dos grupos e das comunidades.
A dimensão estratégica da vida quotidiana, assim como os conceitos de sujeito e de sistema são alguns dos temas pertinentes no debate. As perguntas que se impõem são (apenas aparentemente) simples: como estão a viver as pessoas? Quais são as principais fontes de incerteza nas suas vidas? Que discursos produzem sobre o seu passado e futuro? Até que ponto e como se mantêm percursos de vida “estáveis”? Na organização da vida familiar, em contexto profissional, na esfera política, nas práticas de consumo e lazer, na experiência da saúde e doença e também nas relações amorosas e sociais em geral? Como reagem e agem individual ou coletivamente perante a necessidade de mudar? A que estratégias recorrem? O que há de fixo, rotineiro ou ritual e, ao mesmo tempo, de instável, imprevisível ou episódico nessas estratégias? Eis algumas das interrogações que selecionámos para o XI Congresso Português de Sociologia sob o lema Identidades ao rubro: diferenças, pertenças e populismos num mundo efervescente.
Apelamos à submissão de propostas a partir da reflexividade suscitada em contexto académico (investigação básica/pura ou aplicada) e não académico (investigação aplicada, investigação-ação) que possibilitam a apresentação e partilha de resultados de investigação concluída ou em progresso, contribuindo, dessa forma, para a discussão das identidades, valores e modos de vida.
Independentemente do contexto de origem, os resumos serão avaliados pela clareza e relevância do tema em discussão para a área temática em apreço, nomeadamente através do enquadramento e contextualização, apresentação de objectivos, metodologia e principais resultados ou questões suscitadas.
Além das comunicações orais, aceitam-se também propostas de posters e documentos visuais vários, como curtas-metragens ou pequenos filmes centrados em projectos ou intervenções específicas.
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