Call | Sociologia do Turismo

Chamada para trabalhos | Sociologia do Turismo

Coordenadores

Natália Azevedo (FLUP/IS-UP)

Graça Joaquim (ESHTE/CIES.ISCTE.IUL)

João Filipe Marques (FE/UALG)


O XI Congresso Português de Sociologia que se realizará em Lisboa, de 29 de junho a 1 de julho, 2020, sob a organização local ESPP/ISCTE-IUL e ICS-ULisboa, será o primeiro a contar com a existência e com a colaboração ativa da recém-criada Secção Temática de Sociologia do Turismo da Associação Portuguesa de Sociologia. Este seria, desde logo, um forte motivo de apelo à participação de todos aqueles que dedicam a sua investigação, mas também as suas práticas profissionais no âmbito da sociologia, aos contextos e processos turísticos.

Esta chamada de comunicações da Secção Temática de Sociologia do Turismo é solidária com a chamada geral de comunicações ao XI Congresso, o qual tem como tema genérico “Identidades ao rubro: diferenças, pertenças e populismos num mundo efervescente”.

O contexto turístico constitui um dos palcos da interação humana onde se apresentam e confrontam diferenças e desigualdades: diferenças culturais, mas também, e sobretudo, desigualdades materiais. A reflexão sobre estes fenómenos não pode deixar de lado esse fenómeno social total (como lhe chamava Lanfant) que é hoje o turismo. Mas ainda que não constitua a panaceia para os desequilíbrios sociais e para os confrontos culturais globais, quando praticado nas suas declinações mais sustentáveis, o turismo oferece também um horizonte de reconciliação com a esperança no agir comunicacional humano (Habermas) que venha a mitigar as dinâmicas de exclusão, de surdez ou de ódio à alteridade.

Aos efeitos perversos já conhecidos – como a mercantilização da cultura, a aculturação hegemónica, os impactos ambientais das viagens e a pressão humana nos territórios mais delicados – juntam-se fenómenos mais recentes como o overtourism, os movimentos sociais anti-turismo, a “uberização” do alojamento e a hipergentrificação turística dos centros urbanos. O contraponto a estes e outros aspetos mais negativos situa-se, por exemplo, nos processos de patrimonialização e salvaguarda das heranças materiais e imateriais ou até de mudança social no sentido de uma maior igualdade de género que, sem a máquina desejante do consumo turístico, dificilmente ocorreriam. Por outro lado, as fronteiras

Quer ao nível global, quer local, quer no plano das macroestruturas, quer à escala microssocial, quer no que diz respeito às suas consequências sociais, culturais e ambientais, os processos turísticos e as práticas associadas à viagem de lazer, não só têm hoje uma enorme visibilidade, como têm vindo a ocupar um lugar cada vez mais central na vida e no imaginário dos cidadãos. As experiências turísticas, diversas e contraditórias, (re)configuram discursos e práticas socioculturais e enquadram, na relação com os processos de mudança social contemporânea, as dimensões mais micro da (re)construção identitária e das autenticidades em contexto.

A Sociologia não pode, portanto, demitir-se de lhes fornecer a inteligibilidade que caracteriza a sua perspetiva, sob pena de ver cerceado o seu próprio projeto e de o espaço deixado vago vir a ser ocupado por outras perspetivas analíticas. A Sociologia do Turismo, em exercício de interação disciplinar, incita ao exercício da discussão e partilha teórica e metodológica sobre as regularidades e singularidades dos fenómenos turísticos. A componente empírica e interventiva, sob a forma de projetos de investigação aplicada ou de investigação–acção, salienta a necessária e estimulante relação entre o conhecimento científico e a vida social e o turismo, enquanto fenómeno social, com as mais diversas formas, constitui objeto possível dessa relação.

Convidamos, por isso, todos os sociólogos sob os mais diversos papéis profissionais ao envio de propostas de resumo sobre as temáticas turísticas. Para além das comunicações orais, serão aceites posters e documentos visuais (curtas-metragens ou pequenos filmes mais centrados em projetos ou intervenções), que, não obstante as diferenças entre contexto académico e contexto não académico, deverão ser propostas com pressupostos teóricos e metodológicos subjacentes (princípios analíticos, objetivos, metodologia utilizada) e com diagnósticos, resultados e conclusões.

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